domingo, 6 de março de 2011

Eram apenas cinco meninos

Há vinte anos ninguém esperava que cinco rapazes vindos de um bairro simples de Guarulhos, começariam a trilhar um caminho por uma banda de canções sérias chegariam em questão de pouco tempo ao mais alto dos estrelatos fazendo seu primeiro e único disco vender que nem garrafa de Coca-Cola, todas as suas músicas desse mesmo CD serem cantadas por milhões de pessoas, de todas as idades e estilos, (coisa que pouquíssimos conseguem hoje em dia) á plenos pulmões em todos e concorridos shows e elogiadas pela maioria dos críticos, inclusive os mais caretas e ranzinzas, tudo isso com uma sonoridade roqueira, misturada a outros estilos e com letras bem inteligentes e debochadas a começar pelo próprio nome da banda.

Que suas apresentações em programas de TV e Rádios ficaram marcadas pela irreverência de suas apresentações e pelas ousadias (que era uma palavra restrita naquelas épocas) dos seus integrantes em fazerem coisas na frente das câmeras que poucos acreditariam seja ao vivo ou em playback (até hoje acho que foi a melhor banda que se dava melhor neste tipo de situação).

Que faziam shows históricos diante de milhares de pessoas e quando chegavam em seus redutos eram considerados heróis e viviam com a mais pura simplicidade como se fossem anônimos a busca de sucesso.

Que até hoje, as emissoras, artistas e o público os reverenciam por todos os feitos que conseguiram em único disco e mesmo sem saberem se conseguiriam manter o fôlego (dois discos póstumos foram lançados do fim da banda) com especiais e diversas versões de suas músicas.

Que esta banda foi criada no mesmo bairro onde mora parte dos meus familiares e onde tive a oportunidade de ver diversos shows tributos em homenagem a eles (apesar de que não passo por lá há algum tempo).

Que estes cinco meninos fizeram sim parte da minha infância e desde a ida deles ao andar de cima há 15 anos, o mundo das músicas de deboche (assim como foi com outros grandes artistas) nunca mais foi e será o mesmo.

Eram apenas cinco meninos da banda MAMONAS ASSASSINAS.




Eu ligo o Verde, e depois você liga o Amarelo

Bom, já é de conhecimento de todos nós basqueteiros que no Domingo passado (dia 27/02) o Santo André/Semasa venceu o Ourinhos Basquete por 65 a 49 na partida única da final da primeira edição da LBF – Liga de Basquete Feminino (veja aqui). Até aqui, tudo ótimo, que o Santo André mereceu o título, fez a partida com muita autoridade e não deixou se abater em algum momento, mesmo no apagão do final do 2º quarto quando levou a virada do adversário; que Micaela, Ega e Ariadna foram monstros em quadra; que a técnica Laís Elena foi uma baita guerreira (como vem fazendo com muita competência há quase 30 anos com o basquete na cidade) e, em minha opinião, a maior responsável pela conquista; que as meninas do Ourinhos e seu técnico Antonio Carlos Barbosa (Bronze com o Brasil no Basquete Feminino em Sydney-2000) também merecem nossos reconhecimentos e cumprimentos pela campanha obtida no torneio, que o público presente no ginásio da A.E. São José foi bom (não chegou a lotar, teve os famosos claques de estudantes, mas teve um público maior do que eu esperava), mas não é sobre o jogo em si o motivo que me leva a fazer este post.

A história é que a final em partida única, em quadra neutra (o jogo foi em São José dos Campos) e em horário pouco comum (às 10 da manhã), foi colocada no regulamento, com consenso dos clubes, como um dos pretextos para que a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da LBF, transmitisse a partida ao vivo e na íntegra em TV Aberta (o restante do Campeonato seria transmitido pelo canal fechado Sportv). A princípio, a intenção da organização da Liga (leia-se CBB) era a que sua “parceira” fizesse a transmissão da final com destaque no programa Esporte Espetacular, mas com o desenrolar dos acontecimentos e com as notícias a respeito da transmissão perto do dia da partida decisiva, o jogo ficou de não ser encaixado na grade do Esporte Espetacular, então restou a eles a última esperança de fossem exibidos flashes ou momentos finais da partida durante o mesmo programa.

Mas infelizmente nada disso aconteceu. Vou usar da minha experiência aqui. Liguei a TV logo cedo no Sportv2 (que transmitiu o jogo) e fui zapeando na Globo durante o decorrer da partida para saber se falaria alguma coisa do jogo durante os eventos que a emissora estava transmitindo. O jogo aconteceu, os 4 tempos passaram, Santo André ganhou o jogo e o campeonato, jogadoras e comissão técnica choraram, fizeram festa, receberam medalhas e troféus, comemoram com a torcida e tudo mais que tivessem direito. A transmissão do Sportv 2 terminou e absolutamente nada da Globo falar sobre a decisão. Para se ter uma idéia do tratamento que é dado ao esporte olímpico brasileiro, enquanto o Sportv2 mostrava a final da LBF, a Globo mostrou principalmente o Fast Triatlo; o final da Meia Maratona de São Paulo; gols do Sábado; matéria sobre um campeonato de vôlei de praia entre ex-jogadores e celebridades e uma entrevista com a Fabi e outra jogadora, que agora não lembro o nome, do Unilever (que na Globo – e em outras mídias também diga-se de passagem - simplesmente vira “Rio de Janeiro”) sobre o que fazem fora das quadras (na minha opinião, muito pouco para quem também é “parceiro” desse esporte no Brasil e cá entre nós, cadê os resultados da Superliga hein???). Só depois disso tudo que você leu e com a transmissão do canal fechado encerrado é que a Globo deu falou sobre a partida final da LBF. Falou do jogo (incluindo a homenagem a Helen) por apenas um minuto com a superficialidade de sempre e encurtando o assunto para logo em seguida entrar a matéria que falaria do último jogo de Ronaldo (contra o Tolima na Libertadores) antes de se aposentar.

Resultado de tudo isso??? Assim como aconteceu dois dias antes, quando o Sportv deixou de mostrar uma partida do NBB para exibir Tênis (relembre aqui), o basquete brasileiro sai mais uma vez perdendo na sua busca pela massificação da modalidade, se curvando aos interesses cada vez menos interessantes de sua “parceira”, aceitando qualquer ordem (seja mesmo de última hora e com o objetivo de detonar os contratos afirmados) e ficando a ver navios com as tais promessas que nada foram cumpridas em nome de outras competições (o que nada tenho contra aos amantes destes esportes exibidos no programa). E o pior, é que os clubes, a CBB, as empresas que bancam os times pouco (ou nada) fazem para mudar a situação desse quadro. É uma pequenez tamanha que beira o absurdo. Acham que só a transmissão em TV aberta (qualquer uma que seja) vai resolver todos os problemas e esquecem que há outros meios para isso. E isto sem contar com o tamanho desrespeito com os torcedores dos times finalistas da LBF das quais muitos deles não poderiam ver o seu time jogando a partida final (só para ter uma idéia, quem era de Ourinhos teve que suportar uma viagem de oito horas de ônibus só para ver o seu time jogar e do claque de estudantes locais para preencher os espaços vazios do ginásio), apesar da fórmula ter sido elogiada pelos dirigentes e jogadoras.

Que estas situações que aconteceram na semana passada, sejam de fato suficientes para que os dirigentes dos clubes e da LNB ligarem o sinal amarelo para os riscos que já estão correndo com a parceria com a Globo (é o terceiro ano dos dez firmados em contrato). Tal parceria que “obrigou” e culminou com as mudanças da forma de disputa que culmina na “prometida” transmissão em TV aberta da partida única da final do próximo NBB (sou contra a essas mudanças, mas vou deixar para falar sobre isso em outro post) e que já sentiram na flor da pele com o devido tratamento dado à liga pela emissora carioca (assim como em outros esportes como Vôlei, o Futebol e Stock Car). Torço muito para que os responsáveis do NBB (sei muito bem que eles têm competências para organizar a liga) se toquem o quanto antes destes erros, antes que o próximo campeonato só passe a ter a importância quando a bola laranja aparecer em telas globais no dia 10 de Junho de 2012 (e em outros campeonatos com esse tipo de regulamento). É esperar para ver.

Crédito das fotos: Gaspar Nóbrega e Marcello Ferrelli (Inovafoto)